28 fevereiro 2007

RUMO A TOKIO,por Elias Pinto

Esta foi tirada do Diario do Para' escrita por um cara sonhador e cruzmaltino nato como eu e uma confraria gigante espalhada plo mundo,mais um grito dado de Sou Campeaoooooooo, ha' muito tempo guradado. a seguir leia o bom texto e se delicieEu já sabia. Tanto que no sábado eu já comemorava, na República do Peixe Frito, antecipado, o título de campeão do primeiro turno. Tenho testemunhas. Esse negócio de que não existe campeão de véspera, que comemorar antes dá azar, é coisa com o Brasil lá de 1950. E com o Brasil parreiral de 2006. Com a Tuna, sempre vale festejar de véspera. Se o resultado contrariar a vontade, pior para o resultado. Ser tunante é estar acima de meros detalhes, como o de um resultado, por exemplo.De mais a mais, o Ananindeua é freguês. Se a estatística não comprova essa freguesia em números, pior para a estatística. Somos os melhores do Pará. Se a estatística não diz isso, publique-se a versão. Ser tunante é ser prosa, versado, atravessado por uma paixão feito aquela faixa transversal em nossa camisa. Quem saberá o que é esse amor transfigurado?E deixo dar uma respirada que já estou de sapato alto. É a embriaguez da glória da conquista. Um engov antes, outro depois.Sempre soube, de cor e salteado, aquela escalação de 1970, quando derrotamos o Paissandu de 3 a 2, depois de estar perdendo de 2 a 0. O time era esse: Omar; Marinho, China, Carvalho e Acari; Antenor, Waltinho e Mesquita. Fefeu, Clésio e Gonzaga.Naquele jogo decisivo, acho que, no segundo tempo, entrou o Tininho no lugar do Gonzaga. Também tinha o Leônidas. Bem, se não foi em 1970 e o time não era exatamente esse, por favor, não me corrijam. Deixem-me ficar com a versão, a minha versão. Segundo ela, aliás, eu estava lá, naquela tarde de domingo de 1970. Tenho quase certeza disso.Sei que, de lá para cá, houve outras escalações memoráveis, mas aquela de 1970 me vem à memória como a Nona de Beethoven ou feito aquela outra onzena que também jogava por música, coincidentemente, também de 1970: a Seleção Brasileira tricampeã no México.Bem, acho que terei, agora, de decorar o escrete cruzmaltino de 2007. Vamos lá. Inácio; Fernando, Preto Barcarena, Alisson e Cassiá; João Luís, Paulo de Társio, Romeu e Arinélson; Hallace e Zezinho. Com direito a Mafu e Garrinchinha. E sem esquecer, claro, do nosso bom Urtigão, o técnico Carlos Alberto Lucena.Mas, devo confessar, mantenho uma terceira escalação na ponta da língua. É o meu “dream team”. Meu time dos sonhos, literalmente. Mas não vou, aqui, escalá-lo. Só se meu travesseiro abrir o bico. Fantasia e empolgação têm limite.Ah, mas não resisto. Eu tô maluco. Seguinte. Agora nem tanto, mas houve época em que, antes de dormir, eu punha meu time dos sonhos para jogar. É uma Tuna onírica, encantada, feito assim um romance do Vicente Cecim. Um Serdespanto, um time que joga por música, que funciona como uma partitura musical. Uma Tuna, por ora, ainda invisível, feito o livro do Cecim, mas, como a escrita do escritor paraense, vem rompendo limites. Pelo menos no meu sonho.Tenho, como disse, o time todinho escalado na cabeça. Nos campos da minha imaginação, Campeonato Paraense é fichinha. Para não perder tempo, colocamos o time reserva para conquistá-lo, acho que já pela sétima vez seguida. Campeonato Brasileiro é mais difícil. Por ora, somos apenas tricampeões. E bicampeões mundiais. Barcelona, Real Madri, Chelsea, Arsenal, Manchester, tudo isso é galinha morta, pasto da Águia do Souza.Às vezes, deixo que os adversários saiam na frente, para tornar a coisa mais, hum, digamos, real. Mas aí o Ademar apara no peito, dribla um, dois, e deixa o Dionísio, de cara para o gol, completar com estilo. Parece até música do Jorge Ben dos bons tempos em que atendia pelo nome de Jorge Ben. E olha aí, deixei escapar dois nomes dessa Tuna dos meus sonhos.Mas não pensem que é tudo viagem, luxo, beleza e langor, como diria o tunante Baudelaire. Pode ser sonho, mas tem um pé na realidade, como o FHC tem um pé na cozinha.Planejei direitinho. Para chegar a Tóquio, despachar Barcelonas & Manchesters e pagar o salário dos nossos craques, botei na camisa dessa sonhada Tuna o patrocínio da Vale do Rio Doce, tão multinacional quanto a minha Tuna dos sonhos. Ah, ei, Vale, se não te querem patrocinando a Campanha da Fraternidade, a Tuna aceita. Além do Greenpeace, para dar um tom ambientalista harmônico. Vale, de um lado da camisa, Greenpeace do outro.Quanto ao estádio, a Tuna dos meus sonhos joga lá no Francisco Vasquez, devidamente reformado, modernizado e ampliado para receber 35 mil torcedores. Pronto, está de bom tamanho para a nossa torcida. Nada de gigantismos. Nada desses aumentativos, Chicão, Souzão. Será conhecido apenas como o Monumental do Souza.Bem, se no sonho Tóquio já é possessão lusa, a realidade começa a imitar a ficção. Afinal, já estamos na Copa do Brasil do ano que vem. TRANSPORTIVABem, não faltará quem diga: mas só conquistaram o primeiro turno! Mero detalhe, como já disse. Mais importante é que a Tuna, sempre generosa, mostra mais uma vez o caminho de casa para os legionários Remo e Paissandu. Nada contra os que chegam, como se diz no meio, para somar. O problema é quando o clube se transforma numa legião estrangeira, mercenária.Quanto à Tuna, mais difícil, sabemos, é se manter no topo. Feito a Amazônia, só querem daqui tirar. Mostrou riqueza, algo a ser aproveitado, explorado, pronto, levam-nos.Bem, por enquanto, espero que não entremos de sapato alto já no primeiro jogo do segundo turno. Perder para um Bacuri da vida logo depois dessa conquista épica, convenhamos, pega mal. Que o time continue jogando sério, aplicado, como quem ainda não ganhou nada. Ou melhor, já estar garantido na final pode até ser a deixa para que o time redobre a vontade de liquidar tudo neste segundo turno. Sem essa de afrouxar para que outro vença e assim ganhar uns trocos a mais numa decisão. Se bem que nem sei o que diz o regulamento.No mais, meu abraço ao companheiro Neyro Rodarte, que me ligou na manhã de ontem. Remista conformado, estava aflito para cumprimentar um tunante desde domingo. Foi quando lembrou deste colunista, bem à mão. Vejamos por outro ângulo, aquele em que a bola entra contrariando todos os prognósticos: um tunante é um ser raro.Também compartilho minha alegria com os muitos e-mails que me enviaram, inclusive pedindo para não deixar de comentar a nossa conquista nessa terça-feira. Tive de recorrer à tecnologia da Central Pinto de Conferência para computar as mensagens tunantes recebidas. Três, até agora. É a glória. É a Gloriosa. Abraço ao Gerardo Von e ao Luiz Fabiano Martins. Não vejo ninguém à nossa frente. O Ananindeua, uma pedra que estava no meio do nosso caminho, na BR, já arredamos de lado. O nosso ônibus, a Transportiva, está com o caminho livre para voltar a percorrer o Brasil.That’s all folks.
Elias Pinto,um baita tunante e escreve uma coluna diaria ,no Diario do Para' e e' tambem socio da confraria Republica do peixe frito,onde costuma comemorar com muita antecedencia as vitorias da Tuna luso.

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