Bob Fernandes
Direto de Johannesburgo (África do Sul)
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Coronel Nunes: “…parece guerra permanente, não
se vê vivalma nas ruas à noite… é um toque de recolher”
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E o Coronel Nunes, chefe da delegação brasileira na Copa das Confederações, esquentou a gélida noite de Johannesburgo.
A conversa era sobre Soweto, o histórico bairro negro, vizinho ao campo onde treinou o Brasil e símbolo da resistência ao apartheid. Os jogadores reservas entravam no ônibus para a volta ao hotel, quando o Coronel Nunes mandou bala na África do Sul como sede da Copa:
-…Como a Copa das Confederações é um teste, eu não daria nota de aprovação para isso aqui…
Em determinado instante da conversa, Nunes lembrou sua condição de ex-chefe de Segurança no Pará, onde preside a Federação Paraense de Futebol, e discorreu sobre o que tem percebido. Em pílulas, algumas das suas opiniões:
-…Depois das seis da tarde existe (é como se existisse, ele quis dizer) toque de recolher, não se vê mais ninguém nas ruas…
-Estou realmente preocupado. Estava pensando em trazer minha família para a Copa, mas não sei…
-Fico olhando pela janela do hotel à noite, não se vê vivalma nas ruas…
-…Parece uma cidade em guerra permanente…
-…Não tem como sair depois do jogo para comemorar num bar a vitória da sua seleção.
-Nem mesmo nós que temos escolta da polícia somos respeitados, de repente algum carro fecha, passa na frente, é complicado…
- Chefe da delegação, é de se ressaltar, é um cargo honorífico, não fala em nome da seleção brasileira salvo se escalado para tanto em alguma cerimônia. Como, aliás, já o fez nesta Copa das Confederações e aqui registramos.
- Mas, de qualquer forma, essa é a opinião do Chefe da Delegação do Brasil.
Segundo o Coronel, 60% dos problemas da África do Sul para a Copa do Mundo seriam exatamente de segurança.
Também deste assunto, para o qual o comitê organizador da Copa faz ouvidos de mercador, porta-se como avestruz, já tratamos aqui e aqui neste blog.
Quanto aos furtos de dinheiro e objetos nos hotéis das seleções do Egito e do Brasil, o Coronel considera serem “casos isolados”.
Fato é que aqui em Johannesburgo, no Crowne Plaza Rosebank onde estamos hospedados, os funcionários do hotel recomendam que à noite só se saia às ruas em grupo e, mesmo assim, se for para local próximo. Se possível evitando levar mulheres.
No sábado um jornal local noticiava que, segundo o Conselho de Pesquisas Médicas da África do Sul, um quarto dos homens sul africanos admite já ter estuprado uma mulher. E cerca de 50% deste universo de estupradores admite tê-lo feito mais de uma vez.
Pelo que se lê e ouve, o estupro é algo quase endêmico.
Relatadas aqui a opinião do Coronel Nunes e algumas observações sobre Johannesburgo, e sem comparar a gravidade do que foi descrito acima sobre estupros, porque não há comparação, um lembrete: poucas das grandes cidades do Brasil permitem hoje que seus moradores caminhem tranquilamente a pé nas ruas à noite.
Esta não é uma particularidade da África do Sul.
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Foto: Reinaldo Marques/Terra
O sr. Ninguem do Futebol Paraense, reclamando que nao esta podendo aproveitar o presentinho dado pelo "cumpadi" Teixeira.
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