- Em vez de nos educar, esses pseudopais estavam tentados a nos tolher a necessidade da descoberta e obviamente do aprendizado da vida em sociedade. Éramos tratados como incapazes de saber o que é certo ou errado por culpa de sérias deficiências comportamentais. E o pior é que dentre essas “besteiras” incluía-se o sexo. Ora, façam-me o favor, desde quando o ato sexual atrapalha o que quer que seja? Só se for na cabeça deles. Com o tempo, consegui encurtar o absurdo a 24 horas, no máximo, mas ainda era muito. Como estava na faculdade, passei a me escalar nos plantões de sábado e assim não perdia o meu tempo.
05 julho 2009
Para que serve a concentração?
Para que serve a concentração?
de Sócrates(em sua coluna Pênalti na Carta Capital)
Quando definitivamente entrei em contato com o mundo do futebol, egresso que sou de uma família de classe média voltada para a educação de seus filhos e filhas, assustou-me conhecer alguns de seus dogmas mais profundos. Um deles (explicitado em frases como: “Quem não bebe não joga”) estimulava a contracultura esportiva e só por isso poderíamos entender que havia ali, no inconsciente coletivo, um quê de insatisfação ou uma revolta latente que, percebi, possuía como alvo algumas das mais tradicionais normas presentes de há muito neste meio. E uma em especial – a arcaica e desagradável “concentração” – provocava famigerados calafrios os quais, imaginei, poderiam levar a uma insurreição social desde que esta comunidade se organizasse adequadamente. Pelo menos, foi isso que senti naqueles primeiros anos, pois me parecia inacreditável que em tempos tão “modernos” ainda se utilizasse tamanha aberração.
No início, o isolamento compulsório, às vezes, ultrapassava 48 horas para cada jogo. Como fazíamos duas partidas por semana tínhamos menos tempo livre que os condenados em regime aberto. O pior é que ficávamos em uma casa apertada, cheia de beliches, literalmente uns em cima dos outros. De cara, portanto, passei a questionar aquela prática. Não podia entender como as razões de sua existência podiam ser tão frágeis. “Para que vocês não façam besteiras.” Até parece! Como se todos nós fôssemos crianças descobrindo o que nos rodeia com uma incontrolável tentação para tocar, sentir e talvez quebrar algum valioso objeto ou joia de família.
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