10 novembro 2010

A crise do Remo em Manchete Nacional

site  globo.com publica  longa reportagem sobre a fase negra do clube azulino

Brasil Afora: com feitos históricos, Remo, em má fase, tenta se reerguer

Leão teve Pelé vestindo sua camisa azul e já bateu Flamengo de Zico em
pleno Maracanã. Em 2011, clube tentará disputar a Série D do Brasileirão

Por Guilherme Maniaudet Rio de Janeiro

Um time com uma torcida imensa, feitos históricos no passado e um momento atual que os fãs torcem para que passe logo. Esse é o Clube do Remo, fundado em 5 de fevereiro de 1905. Em 1972, entrou para a história do futebol nacional ao ser o primeiro time do Pará a disputar o Campeonato Brasileiro. Três anos depois, venceu uma partida histórica no Maracanã.
Flamengo 1 x 2 Remo 1975Remo surpreende o Flamengo no Maracanã: 2 a 1 para o Leão, em 1975 (Foto: Arquivo / Agência O Globo)
Segundo o historiador Orlando Ruffel, o dia 25 de outubro de 1975 é um dos mais marcantes na história do clube. O Leão foi ao Rio de Janeiro enfrentar um time ainda em formação, que mais tarde conquistaria o primeiro de seus seis títulos brasileiros. O Flamengo tinha Zico, Júnior, Rondinelli e Rodrigues Neto, entre outros. O Remo tinha Mesquita e Alcino, os autores dos gols da vitória de 2 a 1, em pleno Maracanã – Zico fez pelo Fla.
- Naquele jogo, nós fomos com um grupo de torcedores ao Rio e ficamos concentrados com a torcida do Vasco. O time não estava muito bem, e a imprensa carioca já dava como certa a vitória do Flamengo. Foi uma coisa indescritível, que eu jamais vou esquecer – disse o historiador.
Na ocasião, o time paraense era treinado pelo falecido Paulo Amaral, que foi preparador físico da Seleção Brasileira nas Copas de 1958 (Suécia) e 1962 (Espanha). Confira abaixo a ficha do jogo.


Flamengo 1 x 2 Remo
Renato; Jaime, Rondinelli (Luiz Carlos) e Júnior; Geraldo, Liminha, Rodrigues Neto, Tadeu Ricci e Zico; Paulinho (Caio Cambalhota) e Luisinho. Dico; Rui, Cuca, Marinho e Adérson; Elias, Mesquita e Nena; Alcino, Amaral e Caíto (Rodrigues).
Técnico: Carlos Froner. Técnico: Paulo Amaral.
Gols: no primeiro tempo, Alcino, aos 34 minutos; e Zico, aos 43. No segundo tempo, Mesquita, aos três minutos.
Cartões amarelos: Adérson, Nena, Alcino e Caíto (Remo)
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ). Árbitro: José Favilli Neto (SP)
Outro momento histórico foi no dia 29 de abril de 1965. Em uma partida amistosa contra o Santos, no Estádio Evandro, o Baenão, a torcida e o clube ganharam um presente que ficou para sempre na vida de todos. Pelé, o maior jogador de todos os tempos  entrou em campo com um buquê de flores e vestindo a camisa azul do Remo, para delírio absoluto dos presentes no palco. O resultado: 9 a 4 para o Peixe, com cinco gols do Rei. Porém, nesse dia o placar pouco importava.
Em 1968, mais um amistoso marcante no Baenão. O Benfica, de Portugal, que tinha uma constelação liderada pelo craque Eusébio, veio ao Brasil para um amistoso contra o Remo. Com Amoroso marcando pelo Leão e Torres pelo Benfica, as equipes ficaram no 1 a 1.
Década de 90: recorde sobre o rival e passagem histórica pela Europa
Pelé com a camisa do RemoPelé com a camisa do Remo: após homenagem e
flores, Rei fez cinco gols no Leão (Foto: Divulgação)


Os anos 90 marcaram o último grande momento do clube: 1993 e 1994 foram as últimas temporadas na Série A do Campeonato Brasileiro, sendo que no primeiro ano o time terminou a disputa em sétimo lugar.
De 1994 a 1997, o Remo estabeleceu o maior tabu entre rivais no Brasil. Foram 33 jogos sem perder para o Paysandu, conquistando 21 vitórias e 12 empates, marcando 49 gols e sofrendo 20, conquistando o penta paraense no período.
Em 1995, veio o Torneio de Toulon, na França, e o clube se tornou o único do Norte do Brasil a disputar uma competição na Europa. Na primeira partida, após empate por 1 a 1 no tempo normal, bateu a seleção de Bucareste nos pênaltis. Na final, o placar se repetiu no tempo normal contra o anfitrião Toulon, e a derrota ocorreu também na disputa de pênaltis.
A triste realidade de hoje
Torcida Remo
Apesar de magoada, torcida do Remo não deixa
de incentivar o time (Foto: Mário Quadros)
Atualmente, a situação do clube é bem diferente. O time disputou a Série D, mas acabou eliminado na segunda fase. Na próxima temporada, vai precisar de uma boa classificação no Campeonato Paraense para poder voltar a disputar a Quarta Divisão do Brasileiro. Para Amaro Barreto da Rocha Klautau, atual presidente, a crise financeira que o Remo vem enfrentando nos últimos dez anos é a principal causa deste momento ruim.
- Vivemos uma instabilidade administrativa e financeira, com um total descrédito na praça e na sociedade, gerando constantes bloqueios aos nossos patrocínios. Isso dificulta muito o planejamento. Mas hoje, após muitos anos, o Remo está com os salários em dia – disse Amaro, que está no cargo desde janeiro de 2009 e fica até o fim de 2010.
Um dos planos de Amaro para o clube é a construção de uma arena para 15 mil pessoas e um centro de treinamento em Ananindeua, na região metropolitana de Belém, numa área de 200 metros quadrados, em um projeto que custaria 18 milhões de reais.
- Não temos campo auxiliar. Apresentei este projeto, para que saiamos do centro de Belém, para a região metropolitana. Hoje, por uma atuação direta da Justiça do Trabalho, estamos conseguindo essa negociação. A Justiça será a nossa guardiã. Excluindo as dívidas junto ao Tesouro Nacional, o clube deve cerca de 13 milhões de reais. No ano passado, nos sentimos obrigados a fechar com o Governo do Estado a transmissão dos nossos jogos pelo Paraense. Conseguimos patrocínios, mas cerca de 50% dos nossos torcedores deixaram de ir ao estádio.
Elenco do Remo
Foto do elenco de 2010 do Remo. Desfecho não foi
o esperado (Foto: Mário Quadros)

O historiador Orlando Ruffel aposta todas as fichas nesse projeto do atual presidente. Para Orlando, desta maneira, o clube vai conseguir mais verbas, patrocínios.
- O Remo vem de uma série de administrações desastrosas. De 2000 pra cá, o clube foi acumulando despesas. Por incompetência dos dirigentes e irresponsabilidade. Daqui a 15 anos estaremos endeusando o presidente de hoje, que tem uma visão futurista. Ele está fazendo onda para o próximo presidente surfar, que terá a obrigação de ganhar títulos. Atualmente, a torcida está magoada. Porém, após toda a tempestade, virá a bonança.
Depois de ser rebaixado na Primeira Divisão em 1994, o Remo permaneceu na Série B até 2004, quando caiu para a Terceirona. No ano seguinte, se reergueu e conseguiu o acesso, permanecendo até 2007 na Série B, quando novamente desceu.
   

Um comentário:

Anônimo disse...

O amadorismo dos dirigentes não fará esmorecer o amor da torcida remista pelo seu maior patrimônio: o Leão Azul D'antônio Baena.
Força, Leão!
Jorge Martins