26 fevereiro 2011

Ademir Fonseca usa rojões para incentivar jogadores

Sergio Gandolphi
São Caetano do Sul (SP
do LANCENET
Quem acompanha de fora um treino do São Caetano escuta o barulho de chutes, gritos, comemorações e… rojões! Fogos? Na véspera das partidas, nos rachões, já virou rotina o técnico Ademir Fonseca subir para o gramado trazendo uma caixa com fogos de artifício.

Fósforo, braço para cima e 12 tiros para o alto. O primeiro estrondo significa que começou o “dois toques”. Depois disso, barulho apenas depois de cada gol marcado.
– O significado dos fogos é festa, e onde tem festa, sempre tem alegria. E com alegria as coisas funcionam melhor no futebol. E é isso que eu estimulo nestes trabalhos – explicou o treinador mineiro Ademir Fonseca.
O que parecia estranho no começo caiu nas graças dos jogadores do Azulão. A animação dos treinos por causa dos rojões fez a equipe decolar na tabela desde a chegada do treinador. Nas cinco primeiras rodadas, sem Fonseca, o Azulão ocupava a 19ª colocação, com dois pontos – empates contra Santos e Ponte Preta – e três derrotas.

Depois que o foguetório começou, o time conquistou nove dos 12 pontos disputados, e já está na luta por uma das oito vagas para as quartas de final.

– Isso foi um fato novo, nunca tinha acontecido na minha carreira – destacou o zagueiro Jean Rolt.

Estratégia antiga
Ademir Fonseca não costuma soltar rojões apenas na hora do rachão, trabalho mais descontraído da semana. Quando estava no comando do Tupi (MG), em 2001, o treinador lembra que usava a brincadeira até com os atletas que não podiam entrar em campo.

– Eu fui na porta do departamento médico e soltei um rojão ali. Todo mundo tomou um susto, porque estava um silêncio. Aí gritei: "vocês vão sair logo daí, ou vão ficar a vida toda sem jogar?" – lembrou Fonseca, dando risada.

Acostumado a soltar fogos, o treinador contou que só se assustou uma vez com os rojões. Na ocasião, a brincadeira poderia não ter tido um final feliz.

– Uma vez eu soltei para baixo, em casa, durante as festas de fim de ano. A sorte é que não tinha ninguém perto e não aconteceu nada grave… Nos clubes, nunca tive problema – completou.
Bate-Bola com Ademir Fonseca
Qual seu objetivo com essa ideia?
Trazer mais alegria para o treinamento. Falo para os jogadores que o clube é a nossa segunda casa. Se a gente chegar aqui sem alegria, não adianta, nada vai dar certo. Como em qualquer setor, é um trabalho importante para aumentar a autoestima do atleta. As críticas, muitas vezes, deixam eles muito desanimados.

E o rachão fica mais disputado?
Claro que fica. Eu gosto dessa rivalidade no “dois toques”. A gente monta times que vão jogar juntos o ano inteiro e sempre quem perde paga uma cesta básica para um funcionário do clube, que na maioria das vezes tem um salário pequeno. Isso aproxima até esta pessoa do atleta, faz com que todos caminhem para o mesmo lado.

Utiliza algum outro artifício para motivá-los?
Uso muito vídeos também, mostrando a vida de pessoas que superaram adversidades. O futebol é muito gostoso, existe a fama, mas o preço que se paga por tudo isso é alto.


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