08 fevereiro 2014

Governo Dilma, foi "bundão" em relação a reforma agrária

Deu no Diário do Centro do Mundo
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que acaba de completar 30 anos e fará na semana que vem o seu sexto congresso, reformulou a sua proposta de reforma agrária, depois de dois anos e meio de debates, no que João Pedro Stédile (foto), da coordenação nacional, chama de “constituinte”. O programa a ser apresentado à sociedade traz uma proposta de reforma agrária que “extrapola os sem-terra”.
Isso ocorre em um momento de “letargia” da reforma agrária, em parte pela postura do governo. O diagnóstico de Stédile não tem meio-termo: “O governo Dilma foi bundão na reforma agrária”.
O comentário vem após um questionamento sobre a posição do movimento nas eleições. “É nossa obrigação criticar o governo Dilma. Como diria dom Pedro Casaldáliga, se nós do MST nos calarmos, as pedras vão falar por nós. O governo sabe que tem dívida conosco”, afirma Stédile.
Ele afirma que o MST não tem nem indica candidatos, embora a base tradicionalmente vote em nomes mais à esquerda. Apenas observa que “votar contra os tucanos é obrigação”.
Stédile considera que o perfil do governo Dilma é de composição mais à direita. “Lula tinha seu carisma e impunha certas condições à burguesia.”
Ele cita como exemplo a presença da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), presidenta da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), na base aliada. No ano passado, por diversas vezes ela esteve em eventos ao lado de Dilma. “Há oito anos, a Kátia Abreu queria derrubar o governo, e fomos lá defendê-lo. Dilma é refém do agronegócio.”
Mas ele acredita que os trabalhadores voltarão a se mobilizar. “A leitura é que essa política de composição de classe do Lula e da Dilma já bateu no teto. O Lula fez uma série de programas sociais para incluir os jovens na faculdade, e o número aumentou de 6% para 12%. É bom, mas ainda temos 88% fora. Para botar 10% do PIB na educação, tem de pôr a mão no superávit primário. Só com essa ‘politiquinha’ de ProUni e Enem, não resolve mais essa pressão.”

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