11 dezembro 2009

Carlos Queiróz quer ganhar do Brasil, usando a "cultura do mosquito"






Fábio de Mello Castanho
Direto do Rio de Janeiro, do terra.com
Moçambicano de nascimento, português de criação e internacional como profissional, o técnico Carlos Queiróz quer surpreender o futebol com a "cultura do mosquito". O técnico da seleção portuguesa, adversário mais temida da Seleção na primeira fase da Copa do Mundo, explicou em sua passagem pelo Brasil, para uma palestra no Rio de Janeiro, que um pequeno ensinamento que conheceu no Japão pode fazer de seu time uma surpresa na África do Sul em 2010.

"Eu acredito muito na cultura do mosquito, que é a cultura dos detalhes. Isso eu aprendi no Japão (quando treinou o Nagoya Grampus). Todos nós já dormimos em um quarto em que entrou um mosquito. A gente sabe qual é a diferença que um animal pequenininho deste tamanho pode causar no sono de uma noite inteira em um quarto todo. A cultura do mosquito na preparação de uma Copa do Mundo, no meio de todos que sabem mais, pode fazer a diferença entre ganhar ou perder. E eu não vou perder essa oportunidade" , avisa.

A filosofia que dita a sua carreira veio do Japão, mas poderia ter saído de um dos outros cinco países, além de Portugal, em que trabalhou. Com passagens pelo New York Metrostars (Estados Unidos), Real Madrid, Manchester United (como auxiliar) e seleções da África do Sul e Emirados Árabes Unidos, conheceu culturas diferentes e aprendeu a se comunicar com desenvoltura em mais quatro línguas (inglês, francês, italiano e espanhol).

Nada mais adequado para quem vê na comunicação o ponto indispensável para o sucesso de um time e é obrigado a conviver com jogadores de diferentes nacionalidades em um futebol cada vez mais globalizado. Na seleção portuguesa, por exemplo, deve convocar os brasileiros Liedson, Deco e Pepe e não vê problema com a situação. ¿Eu sou treinador da seleção e nasci em Moçambique. Acho que podemos amar o pai e a mãe ao mesmo tempo¿, compara.

A sua opinião sobre a comunicação não fica só na teoria. Em palestra de uma hora e meia, contou causos, arrancou risos e fez cerca de 200 pessoas não levantarem de suas cadeiras, mostrando atributos mais condizentes a um apresentador de talk-show do que a um treinador envolvido em ambiente em que o "futebolês" predomina com as imutáveis discussões sobre o "4-4-2".

A sua postura ajuda. Alto, com a pele morena construída no Sol, apareceu para dar palestra sem o "uniforme" composto por terno e calça social visto em 10 de cada 10 palestrantes. Calça jeans, um traje que não pode ser chamado de jaqueta nem terno e três botões de camisa soltos no lugar da tradicional gravata tiraram o peso do cabelo grisalho normal para os seus 56 anos.

Citou o pintor Pablo Picasso e o cientista Albert Einstein como se falasse de Pelé e Maradona e só faltou se curvar em sinal de reverência quando comentou sobre os ensinamentos que recebeu de Alex Ferguson, a quem auxiliou entre 2002 e 2003 e entre 2004 e 2008.

Com o treinador que está há 23 anos no Manchester United, aprendeu que é preciso dar confiança aos jogadores a cada derrota ("em uma temporada que fomos mal, não contratamos ninguém para a seguinte"), que é preciso manter distanciamento do futebol para compreendê-lo ("O Ferguson jogava golfe antes de partidas decisivas") e sempre usar a comunicação como solução para os problemas ("Fizeram uma pesquisa e sabem o que o jogador mais admira no treinador? Seu senso de humor. Mas tem horas que o melhor para recuperar um time é o silêncio. Tem que sabe a hora e como se comunicar)".

Para sustentar uma hora e meia de monólogo sobre futebol, Queiróz também abusou das obviedades. Frases feitas como "o nosso grande objetivo é transformar individualidade em nós", "a palavra mãos importante no futebol é nós, a menos importante é eu" e "nós podemos voar" não acrescentaram muito, mas também não comprometeram a sensação de que pelo menos de conversa Queiroz é bom. No dia 25 de junho de 2010, quando Portugal e Brasil se enfrentarem pela Copa, saberemos se talvez fosse melhor o treinador tentar a carreira de comunicador.

O dt do selecionado portugues em sua passagem pelo Brasil foi excepconal em suas palestras, alias que tecnicos vao sempre longe com as palavras. Mas jamais sao capazes de definir jogos a favor de seus clubes ou selecionados, sem grandes jogadores. bahhhhh.
Teve realmente uma passagem por Nagoya, sem nenhum rastro . um mosquitinho que nao causou incomodo algum.

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