30 abril 2010

O Lucimar de Sobradinho


do portal IG
“Ele é pequeninho, né? E faz esse estrago todo”, disse Maria Olindina da Silva. O jogo ainda não tinha começado e a TV mostrava Lionel Messi se aquecendo no Camp Nou. Vestida com uma camisa branca da Internazionale, ela não escondia o nervosismo. Esfregava, batia as mãos e sorria com nervosismo no sofá de sua casa, em Sobradinho (DF), a 21 km de Brasília.
Tinha motivos para isso. É que, em poucos minutos, o filho iria encarar o tal “pequeninho” argentino. Maria é mãe do zagueiro Lúcio, ou Lucimar, como ela prefere. “Eu fiquei triste quando um técnico pediu para ele mudar de nome. Fui eu que coloquei”, diz. Não importa. Mesmo que na camisa esteja escrito 'Lúcio', é por Lucimar que ela grita quando a bola chega na área da Inter.
Marcos Brandão
Maria Olindina, mãe de Lúcio e o irmão do zagueiro, Leandro, de olho em Messi
Quando a TV mostra o atacante Ibrahimovic com a camisa rasgada, o outro filho, Leandro, companheiro de torcida, entrega: “foi o Lúcio!”. O replay confirma e a mãe dá uma gargalhada. Depois, Keita, do Barcelona, se joga na área e é repreendido pelo zagueiro da Inter. Maria bate palma. “No jogo com ele não tem brincadeira não”, diz com um dos netos no colo.
A marcação da mãe não poupa nem o narrador da partida. A cada vez que o nome do filho é citado, ela presta atenção no que estão falando. “Depois da Copa de 2002, o Galvão Bueno ficou falando mal do Lucimar. Tudo sobrava pra ele e pro Roque Júnior. Sei lá quem ele queria no lugar”, conta. “Eu dei entrevista para um monte de jornal aqui de Brasília criticando ele. Ta pensando o que?”, completa.
O primeiro tempo termina e, com o empate, a Inter vai garantindo a classificação. Mesmo assim, ela não fica calma. “Futebol é muito traiçoeiro. Acontece cada coisa”, comenta.
Marcos Brandão
Maria Olindina ao lado de fotos e homenagens de torcedores ao filho famoso
O gol do Barcelona, marcado por Pique aos 39 minutos do segundo tempo, só aumentou o nervosismo. Já sem conseguir ficar sentada, ela coloca o neto no carrinho e se levanta. Depois, decide sentar no chão mesmo, onde fica até minutos antes do jogo terminar. O final da partida, vê de pé. Quando o árbitro Frank De Bleeckere apita o encerramento do jogo, Maria abraça o filho mais novo e agradece fazendo orações.
A Internazionale está classificada para a final da Liga dos Campeões e agora enfrentará o Bayern de Munique, ex-clube de Lúcio. “Era esse time mesmo que ele queria pegar. Me contou ontem (terça-feira) por telefone”, relata. No ano passado, quando Louis van Gaal assumiu o clube alemão, o holandês pediu aos dirigentes que negociassem o filho de Maria. “Tratou o Lucimar como um juvenil, agora vai ver o que bom”, promete. Palavra de mãe.

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