10 dezembro 2010

Tuna Luso,A tradição ameaçada

Na paixão pelo la
do romântico do futebol por vezes nubla o raciocínio mais objetivo. Avaliei, embalado por aquela simpatia natural que o clube desperta em todos os paraenses, que a Tuna estaria na briga direta por uma das vagas à fase principal do Campeonato Paraense. Palpite infeliz. Como já ocorre há duas temporadas, a Lusa corre o sério risco de não participar do principal banquete do futebol local.
O Por Gerson Nogueira-time é fraco, demorou a se armar e garimpou alguns poucos reforços dúltima hora, mas não conseguiu se estruturar a ponto de fazer frente aos adversários mais fortes desta etapa classificatória. Ananindeua, Castanhal e Parauapebas disputam de verdade o acesso. Os demais – Tuna, Abaeté, Sport, Santa Rosa e Time Negra – estão mais para coadjuvantes, com chances remotas de sucesso.
Pode-se dizer que a Tuna não encarou seriamente o desafio de voltar à elite. Tradicional celeiro de bons jogadores, especializando-se na revelação de nomes a cada ano, a agremiação desta vez não encontrou na base a força necessária para montar um time competitivo.
Além das fragilidades técnicas do time, o futebol tunante padece de falta de suporte e estrutura para atender a equipe profissional. É como se a Lusa de tantas glórias – duas vezes campeã brasileira – tivesse desaprendido a cuidar de futebol.
Na quarta-feira, antes do jogo com o Sport Belém, os jogadores não tinham transporte para ir ao estádio. Alguns se arranjaram em caronas, outros de ônibus e bicicletas, expondo a atual situação do futebol cruzmaltino e o grau de importância que a diretoria confere à modalidade.
Durante anos, várias diretorias da Tuna ensaiaram pedir licenciamento do futebol, a fim de priorizar modalidades amadoras e a vida social do clube. Manuel Chipelo, um de seus mais atuantes e apaixonados dirigentes, jamais permitiu que essa opção prevalecesse.
Pois agora, diante da maneira trôpega e descuidada como o atual time foi formado e entregue a um empresário (Flávio Goiano), entendo que talvez fosse mais digno sair de cena por uns tempos. Para voltar mais forte e com tunantes verdadeiramente comprometidos com a história do clube. 

Por Gerson Nogueira/ Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 10

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