04 setembro 2013

Esse selecionado brasileiro de basquete foi bisonho e medíocre

Deu no blog - Bala na Cesta
Por Fábio Balassiano
(Preâmbulo obrigatório: Rubén Pablo Magnano é um grande treinador. Ninguém é campeão olímpico e vice-campeão mundial por sorte. Dos técnicos que vi na seleção brasileira, é o melhor com sobras. Em três anos de trabalho deu padrão defensivo invejável ao time e um pouco mais de organização ao ataque. Entende muito de basquete e é um obcecado por desenvolvimento de equipes e atletas. Mas não é infalível. Quando o criticar, estimado leitor, por favor não confunda com um “quero esse argentino fora dali agora”.)
Hoje, 3 de setembro de 2013, é um dia histórico para o basquete do Brasil. É o dia que a seleção masculina deste país conseguiu a proeza de ser eliminada da Copa América adulta ao perder da medíocre (medíocre, medíocre, medíocre) Jamaica por 78-76 em um jogo tenebroso, horrível, horripilante para fechar o campeonato com a “brilhante” campanha de quatro reveses consecutivos (Porto Rico, Canadá, Uruguai e jamaicanos, equipes que, como sabemos, estão longe de estar no segundo ou terceiro escalões do esporte mundial).
Com o resultado, o Brasil, que nunca ficou fora de um Mundial masculino, só disputa a competição do próximo ano na Espanha caso seja convidado pela FIBA (e terá que pagar uma licença de US$ 500 mil – para uma entidade que não tem grana…). Ou seja: se fosse pelo aspecto quadra, o time de Rubén Magnano passaria o ano de 2014 em casa
Sei lá, é bem complicado escrever em um momento destes. Não há análise tática que possa ser feita, pois foi uma repetição do que foram os amistosos e as partidas anteriores – ataque arrastado, travado, sem intensidade, defesa que não marca ninguém, falta de potencial atlético e vício nas bolas de três pontos que não caíram. E foi assim que, mesmo abrindo vantagem no terceiro quarto, o Brasil conseguiu se afundar no buraco logo no começo do último período diante da medíocre (medíocre, medíocre, medíocre) seleção da Jamaica, que só fazia correr, pular e socar a bola na cesta quase sempre desprotegida.
Com o revés, o basquete brasileiro chega ao estágio mais baixo, mais triste, mais lamentável de sua história. Não obstante os podres financeiros desta gestão retrógrada, leniente e permissiva, os resultados de quadra (ao contrário do que dizem Ministério do Esporte e COB) são igualmente medíocres, abaixo de qualquer padrão do aceitável (é só reler aqui).
Que os atletas não sejam poupados, pois merecem críticas depois de um desempenho abaixo de qualquer padrão do aceitável (que passividade é essa? que conformismo é esse?), mas que se aponte o canhão das críticas (pois elas virão, e com razão) para os péssimos dirigentes que comandam a modalidade há 15, 20 anos (não só os horrendos de agora) e para esta comissão técnica que levou um grupo fraco, desqualificado, desbalanceado, baixo e sem potencial físico algum para uma competição (é bom lembrar isso) de nível técnico ruim (e o Brasil está voltando desta competição de nível técnico baixo com quatro derrotas na bagagem – gente, o Brasil perdeu da Jamaica, reflitam sobre isso por favor).
Quem acompanha este blog sabe (embora eu admita que pegue pesado, por querer ver o basquete brasileiro sendo administrado com decência e seriedade) que o que aconteceu na Venezuela há instantes não é surpresa alguma (choca, mas não surpreende), não é nada de assustador, principalmente pelo que se via nos amistosos e nas listas de jogadores que acabaram deixando de ser chamados – embora nem eu, do alto do meu pessimismo, acreditasse em uma eliminação tão bizarra como a que vimos agora. O fato, porém, é que o nível ético, de seriedade, de comprometimento e de competência da Confederação é diretamente proporcional ao basquete apresentado em Caracas (pobre, portanto).
O pior de tudo é o seguinte: não há a menor perspectiva de melhora, a menor mesmo. Em termos de gestão, a endividada Confederação Brasileira de Basketball não possui plano algum de desenvolvimento da modalidade, cujo ambiente é retrógrado, sujo, reacionário, promíscuo até (as poucas almas que ainda resistem certamente desistirão rápido – dentro e fora da quadra).
Dentro de quadra, Rubén Magnano acha que é o dono da seleção brasileira sem que ninguém o conteste, o cobre, o pergunte por que diabos ele tem tomado algumas atitudes ridículas, tristes (como a que barrou o ídolo Gerson Victalino, algo que até hoje não me desceu). Por fim, os atletas, que poderiam fazer algo pra tentar modificar o panorama de um esporte que perde campo a cada dia, preferem silenciar, se calar, se entrincheiras em interesses pessoais pequenos, rasos. Por que diabos ninguém ousa dialogar com o cara? Ele não erra? Erra, né…
Hoje, 3 de setembro de 2013, o basquete brasileiro atinge um dos mais baixos níveis de sua história. É uma data não pra esquecer, mas pra ser lembrada eternamente – ou como ponto de partida para uma mudança radical ou como uma pá de cal em um esporte que já foi grande mas que se apequena a cada dia, a cada segundo, a cada ano.

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