Marcia Carmo
De Buenos Aires para a BBC Brasil
Um
clima de tristeza tomou conta da torcida concentrada neste domingo na
Plaza San Martín e no Obelisco, no centro de Buenos Aires, onde foram
montados telões que transmitiam ao vivo a final entre Argentina e
Alemanha no Maracanã. No fim da noite, houve episódios isolados de
violência entre torcedores e a polícia.
Em meio às lágrimas, alguns torcedores não conseguiam nem comentar a derrota da seleção argentina por 1 a 0."Nós somos do sul da Argentina, mas viemos de ônibus porque queríamos apoiar a nossa seleção daqui de Buenos Aires. Mas não deu", disse Jorgelina Alvarez, uma senhora de 60 anos.
Em meio à multidão que levava bandeiras amarradas no pescoço, chapéu e cornetas, era difícil encontrar, logo após o jogo, quem dissesse algo diferente.
"Tenho 65 anos e a vitória daria muitas alegrias ao nosso país", disse o comerciante Josué Gomez.
Aos poucos, os que estavam na Plaza San Martín começavam a caminhar até os pontos de ônibus ou em busca de um táxi para voltar para casa.
Outros, a maioria jovem, diziam que ficariam no Obelisco, ponto central da cidade, para comemorar o "bom desempenho" da seleção argentina na Copa e homenagear os jogadores.
Grupos de jovens gritavam: "Argentina, Argentina. Nossos jogadores merecem nosso apoio". Outros cantavam um hit de outros Mundiais. "Vamos, Vamos Argentina, a ganhar".
Braços abertos
"Quando a Copa começou, eu não levava a menor fé na nossa seleção. Mas ela chegou até aqui e jogou muito bem contra a Alemanha. Amanhã estarei esperando os jogadores de braços abertos. E não vou ser a única", disse Nancy Espindola, de 30 anos.
As amigas Lorena Diaz, de 23 anos, e Maru Villana, de 29 anos, ainda tinham olhos marejados, quase meia hora depois da derrota para a Alemanha.
"Foi triste demais perder. Chegamos tão perto. Teria sido muito bom. Mas não deu", disse Lorena. "Agora é torcer para a próxima", completou Maru.
Logo depois do resultado, houve um silêncio no centro da cidade. Algumas pessoas ficaram sentadas no chão como se não acreditassem que o sonho de erguer a Copa tinha terminado.
Logo cedo os principais jornais do país, Clarín e La Nación, diziam que a conquista do Mundial era um "sonho" esperado desde 1986, quando a Argentina foi bicampeã na Copa do México como polêmico gol da 'mão de Maradona'.
Antes de o jogo terminar, um grupo de estudantes adolescentes disse que se a Argentina vencesse seria "uma revolução".
Adela Gomez, de 16 anos, Micaela Molina, de 17, Camila Fernández, de 16 anos, Micaela Gomez, de 17 anos, disseram que também não esperavam ver a Argentina "chegar tão longe". "Se ganhar será uma revolução de lágrimas e de alegrias", disse Adela. O país voltou à final da Copa após 24 anos.
Messi
Um grupo de torcedores que viajou para o Rio de Janeiro disse à emissora de televisão estatal Canal Sete que "esperava mais de Messi". "Eu achei que esse ia ser o Mundial de Messi, mas não foi", disse um deles.
"Volto triste para casa porque foi um clima desnecessariamente triste com os brasileiros. Eles debocharam da gente, torceram para a Alemanha depois de perder de 7 a 1. Não deu pra entender o comportamento brasileiro", disse outro, diante da câmera da TV.
Violência
Pelo menos 60 pessoas foram detidas, em sua maioria jovens, informaram as autoridades de Buenos Aires. Vinte policiais ficaram feridos na operação.
Segundo a polícia, torcedores encapuzados e alcoolizados iniciaram o quebra-quebra, provocando tumulto no centro da cidade. Em pânico, pais com filhos pequenos podiam ser vistos fugindo do local.
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