O mapa da amizade

Fábio Seixas é jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra. Escreve às sextas-feiras, Na folha de Sao Paulo

Na gaveta esquerda da minha antiga escrivaninha, na casa dos meus pais, repousa uma folha de papel cuidadosamente dobrada.

Papel de fax, quase ilegível. Afinal lá se vão 15 anos.

Um mapa. Ensinando minuciosamente o caminho desde o aeroporto de Frankfurt até a cidadezinha de Berg, ao lado de Nurburgring. Mapa que me guiou com perfeição, naquele 1998 sem celular nem GPS.

Dirigindo sozinho, de madrugada, na minha primeira vez na Alemanha, cheguei sem errar à casa em que se hospedava boa parte da imprensa brasileira que cobria a F-1.

Missão cumprida, trajeto feito, eu poderia ter amassado e jogado fora aquela folha de fax. Não sou de guardar coisas. Mas guardei o tal mapa. Memorabilia, peça do meu museu pessoal, a primeira vez numa corrida de F-1 fora do país --sei lá, achava que poderia ser a única.

Hoje percebo que guardei-a por metáfora.

Porque aquele foi só o primeiro de um monte de mapas que recebi nos anos seguintes, generosidade rara e que parecia grande demais vinda de um sujeito tão tampinha. Eu mal sabia que era só o começo.

Foi o único mapa redigido, é verdade. Todos os outros foram transmitidos por meio de risadas, xingamentos, provocações, brincadeiras. Por conversas das mais rasas às mais profundas em viagens intermináveis mundo afora. Em carros, balsas, trens e corredores de aviões. E por trabalho duro, pesado, exaustivo.

Como quando da primeira vitória do Barrichello. Fomos os últimos jornalistas a sair do autódromo. As folhas de papel sobre a mesa estavam úmidas com um frio que só percebemos quando enviamos os últimos textos para nossos jornais.

Como no dia do acidente de Burti em Spa. Quando deixamos a pista, já não havia onde comer. Depois de muito procurar, encontramos um velho pote de Nutella no armário da casa onde estávamos. Cada um pegou sua colher e ali jantamos. Ah, o charme da F-1...

Como nas decisões de título. Como nos momentos de agito no mercado. Como nos dias absolutamente sem notícia.

Nós e os repórteres japoneses, quase sempre os últimos a sair da sala de imprensa.

(Isso para não falar nas peripécias que armávamos para levar o som ambiente das pistas para o rádio do Brasil.)

Procurei seguir cada um daqueles mapas. Tentar falar com naturalidade no rádio, tentar escrever sem amarras, tentar zombar e ser amigo de todos na sala de imprensa, tentar ser melhor jornalista, tentar ser melhor pessoa.

Um ídolo que virou amigo, professor, irmão.

Não, hoje não vou escrever de Raikkonen, Massa, Alonso, Nasr. Não. O assunto é mais importante.

Porque se você sabe quem são esses pilotos, se você ainda acompanha F-1, saiba que deve bastante a ele. Concorde ou não com suas posições sempre firmes.

O sujeito dos meus mapas.

O Jornalista, com J maiúsculo, que inaugurou este espaço na Folha, há 20 anos.

Obrigado, Flavio Gomes.

fábio seixas

Fica#flaviogomes69

Por Danilo Vital| no Portal Terra

Na opinião de Flavio Gomes, a manifestação da diretoria do Grêmio em repúdio às mensagens postadas em seu perfil no Twitter, os xingamentos recebidos por internautas e a consequente demissão do cargo que exercia nos canais ESPN são um exagero tanto quanto as provocações publicadas por ele na noite de sábado, após a vitória do time gaúcho sobre a Portuguesa por 3 a 2, pelo Campeonato Brasileiro. Em conversa com o Terra, o jornalista se disse chateado pela reação violenta recebida, não contestou a decisão da emissora e afirmou: “isso mostra que o mundo está ficando cada vez mais chato”.

“Foi um exagero de todas as partes. Foi uma brincadeira no Twitter – para quem me conhece, sabe que eu faço brincadeiras com meu time, inclusive. É uma coisa meio desproporcional resultar não só na demissão. Isso é direito da empresa e eu não vou discutir. Mas a reação das pessoas pelas redes sociais é muito violenta, agressiva”, afirmou Flavio.

Por meio do seu perfil @flaviogomes69, o jornalista provocou e discutiu com gremistas depois de ver o time gaúcho bater seu time, a Portuguesa, com pênalti polêmico no final do jogo. Por nota oficial, a ESPN lamentou o ocorrido.

Flavio explicou que estava conversando com um amigo gremista no momento das mensagens e que previu reação irritada dos gremistas pelas provocações. “Eu estava de folga no sábado, estava brincando de futebol no Twitter, e a ESPN se sentiu incomodada. É um direito que ela tem, mas isso abre um precedente bastante grave, que é qualquer empresa de comunicação sucumbir a queixas e ofensas de torcedores”, analisou o jornalista. “Essas pessoas sempre existiram. Agora elas têm um canal direto para se manifestar. Muita gente releva. Outras respondem. Eu respondo, em alguns casos”, continuou.

As respostas de Flavio Gomes aos internautas incluíram ironias por erros de português e afirmações envolvendo o Internacional, arquirrival gremista, e a conquista do acesso na Série B de 2005. Segundo ele, não houve discernimento para entender que a mensagem teve cunho pessoal, não corporativo ou institucional.

Flavio Gomes @flaviogomes69 Juiz vagabundo, timinho escroto desde 1903. Sao muito machos no Sul. Mas adoram dar a bunda.

Flavio Gomes @flaviogomes69 O grêmio precisa roubar até o cruzeirinho. Nunca será grande como o inter. 10:54 AM - 8 set 2013

Flavio Gomes @flaviogomes69 O que dizer de um clube cuja maior façanha em 100 anos foi GANHAR DO NÁUTICO? Só rindo, mesmo. 11:06 AM - 8 set 2013

“O mesmo direito que um cara tem de dizer que vai matar a minha família eu tenho para dizer para ele enfiar o dedo no c...”, exemplificou o jornalista. Essa foi uma das ameaças recebidas desde sábado. “Um cara me disse: vou dar um tiro de (calibre) 12 na sua cara e vou matar sua mulher e seus dois filhos. Isso é o que mais me deixou chateado”.

Flavio Gomes @flaviogomes69 Tem pronome sobrando aí (Prog. de Alfab. de Grem.) RT @thiiagomoreira: se eu te vejo na rua, te dou uma pedrada em ti e teus 2 filhos. 3:28 AM - 9 set 2013

Por conta disso, ele admitiu que cogita se afastar das redes sociais. “Meu Twitter é pessoal, sempre será onde quer que eu vá trabalhar. Não é corporativo. Dá vontade de tirar um pouco o pé? Dá, porque a reação das pessoas é muito agressiva. Isso é o que mais me entristece: elas demonstram uma agressividade, uma violência que jamais mostrariam se não fosse a internet”, complementou Flavio Gomes. Ele voltou a postar em seu perfil às 18h30 desta segunda-feira, depois de cerca de 6h de "silêncio".

Flavio Gomes @flaviogomes69 Gente, tá tudo bem! Tem jogo quarta, contra o Mixto. Ops. Digo, o Vasco. 6:29 AM - 10 set 2013 60 RETWEETS 7

Além do garfo, torcedores da portuguesa ganham nota de repudio

A cada dia que passa, o mundo vai se tornando cada vez mais chato. Qualquer manifestação publicada nas redes sociais logo se tornam o PF do dia.. Torcer para times que não fazem parte do grande eixo,sempre incomodam. E se o adepto for alguém conhecido, a coisa então ,entorna fácil . Criaram um código novo para usuários do Twitter , mas Arnaldo e Flávio nao sabiam. Nem eu! O garfo comeu solto para cima da lusa.

As manifestações que podem causar um conflito de proporções terríveis no mundo boleiro, vcs podem ver nos link abaixo.

Uol

Zero Hora

Flavio Gomes @flaviogomes69 Juiz vagabundo, timinho escroto desde 1903. Sao muito machos no Sul. Mas adoram dar a bunda. 10:45 AM - 8 Sep 2013 160 RETWEETS 40 FAVORITES ReplyRetweetFavorite

Arnaldo Ribeiro @ArnaldoESPN Por favor. Monitorem ligacoes de Fabio Koff e cia para comissao de arbitragem e CBF nos ultimos dias. #vergonha 10:49 AM - 8 Sep 2013 429 RETWEETS 126 FAVORITES ReplyRetweetFavorite